Durante a noite do dia 05 de março de 2018, uma grande quantidade de raios atingiu o Estado do Espírito Santo num total de 2383, principalmente áreas das regiões Serrana, Sul e Grande Vitória. Abaixo, a incidência de raios por municípios do Estado durante o dia 05/03/18 segundo dados da Rede de Detecção de Descargas Atmosféricas – STARNET:
Na Figura 1 são observadas as descargas elétricas representadas pelos pontos vermelhos no evento do dia 05 de março de 2018.
Figura 1: Imagem de descargas elétricas observadas disponibilizada pelo STARNET para o dia 05 de março de 2018 as 20h07 do horário local.
Fonte: Laboratório Rede de Detecção de Descargas Atmosféricas - STARNET do STORM-T/IAG/USP.
Há poucos dias, especificamente em 23 de fevereiro de 2018, uma quantidade de raios quase 8 vezes maior que a observada no dia 05 de março de 2018 atingiu o Espírito Santo. Nesta ocasião, no entanto, os mesmos concentraram-se mais ao norte do estado (Figura 2). No evento, Linhares e São Mateus, por exemplo, chegaram a observar mais de 5000 raios em 24 horas.
Figura 2: Imagem de descargas elétricas observadas disponibilizada pelo STARNET para o dia 23 de fevereiro as 15h16 do horário local.
Fonte: Laboratório Rede de Detecção de Descargas Atmosféricas - STARNET do STORM-T/IAG/USP.
Primeiro, você sabe a diferença entre raios e relâmpagos? Relâmpagos são todos os “clarões” resultantes das descargas elétricas geradas por nuvens de tempestade, cujos raios se conectam ou não ao solo, enquanto os raios em si são as descargas elétricas que conectam o solo e as nuvens, as nuvens e o ar ou uma nuvem de tempestade com outra, com um formato que lembra raízes.
A intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico, e a descarga percorre distâncias da ordem de 5 km.
Figura 3: Infográfico - Como se formam os raios. Elaborado por: Grupo de Eletricidade Atmosférica – ELAT.
Um raio pode durar até dois segundos, mas dura em geral cerca de meio a um terço de segundo. No entanto, cada descarga que compõe o raio dura apenas frações de milésimos de segundo e, embora a potência de um raio seja grande, sua pequena duração faz com que a energia seja pequena, algo em torno de 300 kWh, equivalente ao consumo mensal de energia de uma casa pequena.
Como saber se o raio caiu perto? A luz produzida pelo raio chega quase instantaneamente à visão de quem o observa. Já o som (trovão) demora um bom tempo, pois a sua velocidade é menor. Para obter a distância aproximada da queda do raio, em quilômetros, basta contar o tempo (em segundos) entre o momento em que se vê o raio e se escuta o trovão e dividir por três.
Embora assustador, o trovão é inofensivo. A intensidade do som é dada em decibéis e um trovão intenso pode chegar a 120 decibéis, uma intensidade comparável à que ouve uma pessoa que está nas primeiras fileiras de um show de rock.
Raios não só podem como, geralmente, caem mais de uma vez em um mesmo local quando este apresenta grande incidência de descargas elétricas. Como exemplo, podemos citar o monumento do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, que é atingido anualmente por cerca de seis raios.
Um raio pode atingir diretamente uma pessoa? A chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, sendo em média menor do que 1 para 1 milhão. Contudo, se a pessoa estiver numa área descampada, embaixo de uma tempestade forte, esta chance pode aumentar em até 1 para mil. Entretanto, não é a incidência direta do raio a maior causadora de mortes e ferimentos. Geralmente, são os efeitos indiretos associados a incidências próximas ou efeitos secundários dos raios que trazem risco: as descargas também provocam incêndios e queda de linhas de energia.
Se uma pessoa for atingida por um raio, o que pode acontecer? A corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória. Grande parte dos sobreviventes sofre por um longo tempo de sérias sequelas psicológicas e orgânicas.
Desmistificando o caso:
Curiosidades - Segundo dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica – ELAT, a capital Vitória tem uma densidade de descargas atmosféricas de 0,6554565114 por km²/ano e, no Ranking nacional, está em 4758° lugar (de 5570). Enquanto dentre os munícios do Espírito Santo está em 67° (de 78 municípios). Ou seja, poucos raios caem na capital capixaba.
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Referências:
Grupo de Eletricidade Atmosférica – ELAT. Acesso em: 06 de março de 2018. Disponível em: http://www.inpe.br/webelat/homepage/#
Rede de Detecção de Descargas Atmosféricas - STARNET do STORM-T/IAG/USP. Acesso em: 06 de março de 2018. Disponível em: http://www.zeus.iag.usp.br/index.php